Acompanhado por um cortejo composto por largas centenas de familiares, amigos e companheiros de luta, o cidadão, comunista, sindicalista e lutador incansável contras as injustiças sociais, António José dos Santos Cardoso Macedo, falecido esta sexta-feira vítima de doença prolongada, foi ontem sepultado no cemitério de Ovar.

 

Os muitos e muitos camaradas e amigos que marcaram presença neste dia de pesar constituem o testemunho mais pungente da dimensão e amplitude do arco de amizade e respeito que o Tozé foi construindo ao longo de décadas de intervenção e luta pela causa dos trabalhadores e pela construção de um pais mais justo e solidário. Destaque-se a representação dos órgãos executivos do PCP com Carlos Gonçalves, Francisco Lopes, Paulo Raimundo e Alexandre Araújo, a presença de vários deputados do PCP, Agostinho Lopes, Honório Novo, Jorge Machado e Ilda Figueiredo. Destaque-se igualmente os muitos dirigentes nacionais e regionais da CGTP, incluindo o seu Secretário Geral, Carvalho da Silva, bem como delegações  de Espanha das Comisiones Obreras, da CIG (Confederação Intersindical da Galiza) e da UPG, União do Povo Galego. Finalmente, assinala-se a presença de delegações do PS, composta entre outros pelo Sr. Presidente da Câmara de Ovar e do PSD, com a presença do Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Ovar.

 

Num último e derradeiro adeus, intervieram primeiro em nome da CGTP, Joaquim Almeida coordenador da União dos Sindicatos de Aveiro e de seguida, em nome do PCP, Carlos Gonçalves, membro da Comissão Politica e responsável pela DORAV. Ambas encontram-se transcritas no final desta nota.

 

Em poucas palavras, seguramente aquelas que o Tozé gostaria de ouvir, acabariam as intervenções com o punho erguido e ao som de “a luta continua!”. A luta vai mesmo continuar, desde logo no próximo dia 29 de Maio na grande manifestação em Lisboa convocada pela CGTP. A vida do Tozé não foi em vão. Os que ficam saberão ser dignos do seu exemplo e dar sequencia a esta luta que vem de longe e que nos há de levar a um Portugal mais justo e mais desenvolvido, um Portugal socialista.

 

Intervenção de Joaquim Almeida, Coordenador da União dos Sindicatos de Aveiro da CGTP

Camaradas e amigos

Começo por me dirigir à família do nosso camarada, do nosso amigo TO-ZE, para em nome do Sector das Pescas - da Direcção da União dos Sindicatos de Aveiro e da CGTP-IN, manifestar o nosso profundo pesar pela perda irreparável que sofreram, e para lhes assegurar que partilhamos, com ela, este momento de profunda tristeza e de dor.

Nas palavras curtas que vou empregar, permitam-me que ainda - em nome do Sector das Pescas - da Direcção da União dos Sindicatos de Aveiro e da CGTP-IN- saúde os camaradas Sindicalistas Portugueses, os camaradas da Confederação InterSindical Galega, os camaradas das Comissões Obreiras de Espanha.

Saúde as diversas forças políticas, entidades e personalidades, enfim saúde todos aqueles que sentiram necessidade estar aqui a prestar – A Homenagem - ao nosso camarada e amigo António Macedo, ao TO-ZÉ.

 

É uma ideia triste de se dizer, mas o que nos trouxe cá hoje recorda-nos que o mundo é um imenso palco onde homens e mulheres são apenas actores. Recorda-nos que a efemeridade existe.

Uma das principais características do camarada TÓ-ZÉ era a facilidade com que estabelecia relacionamentos e amizades, e era de tal modo que me permito cometer a arrogância de dizer que quem não gostasse do TÓ-ZÉ dificilmente podia ser boa pessoa.

Ser amigo era uma característica intrínseca do TO-ZÉ, mas sobretudo - é preciso dizer - que não era uma característica baseada no nada ou em direcção a coisa nenhuma.

 

Como se sabe o TO-ZE, era um destacadíssimo Dirigente do Sindicato das Pescas do Norte, da Federação Nacional das Pescas, da Direcção da União dos Sindicatos de Aveiro e da Direcção da CGTP.

Por isso, e como disse, se estabelecer relacionamentos e amizades era uma característica natural do camarada, ela estava profundamente relacionada com a sua forma de estar na vida: lutar ele próprio e influenciar os outros a lutar pela Democracia pelos seus direitos laborais, sociais.

Isto explica a razão porque sendo um camarada mais ligado ao sector das pescas nunca faltou com a sua solidariedade e a do sindicato onde ela era mais precisa fosse no sector da cortiça, no calçado, no material eléctrico, nos têxteis, entre outros; quando fosse preciso ele estava lá.

Mais… a sua preocupação e opção de lutar ao lado dos explorados e contra a exploração pode-se dizer que ultrapassou fronteiras e o facto de estarem aqui connosco os camaradas da Confederação InterSindical Galega e das Comissões Obreiras de Espanha confirmam isso mesmo.

 

Camaradas e Amigos.

Repararam certamente que no início das minhas palavras eu referi A Homenagem – e não última homenagem.

Digo isto porque vir cá hoje prestar a última homenagem, era a pior coisa que podia-mos fazer ao camarada. Ele deixou-nos fisicamente é verdade mas deixou-nos uma coisa imensamente mais importante para ele, o exemplo da necessidade de continuar a luta contra as injustiças, por emprego, por melhores salários, por um mundo melhor todos.

Por isso a seguir a esta homenagem outras se deverão seguir. Por exemplo, aos pescadores compete desde já preparar a segunda, que é organizar o Sindicato nas novas condições para que continue a dar a necessária resposta aos anseios dos associados.

Aos sindicalistas, aos amigos em geral, compete voltar a homenageá-lo, participando e ajudando a mobilizar para a acção convocada pela CGTP para o dia 29 de Maio, em Lisboa.

 

Camaradas.

O António Macedo, o camarada e amigo TO-ZE deixou-nos, como disse, fisicamente mas nas lutas por uma vida e um mundo melhor continuará ao nosso lado – de pé - e de punho levantado/como uma sombra constante.

Nós não dizemos adeus, mas até amanhã camarada TO-ZE.

Ovar 8 de Maio 010

Joaquim Almeida

 

Intervenção da DORAV (Carlos Gonçalves – Com. Política do CC) no funeral do camarada António José Macedo

Camaradas e amigos

Estimados Maria Helena, João Paulo e família do camarada António José Macedo

 

Em nome da Direcção da Organização Regional de Aveiro do Partido Comunista Português, e procurando expressar os profundos sentimentos de dor e luto do colectivo dos comunistas do Distrito, apresentamos a toda a família, aos amigos e camaradas do António José Macedo, os votos de solidariedade e pesar pelo falecimento do nosso querido camarada e amigo TÓ ZÉ.

 

O António José Macedo era militante comunista desde os catorze anos, quando aderiu à Juventude Comunista em 1978, no Distrito de Castelo Branco.

Desde logo, destacou-se pela sua militância e intervenção, que o levaram, com apenas 16 anos, a assumir responsabilidades como membro da Direcção Nacional da JCP.

Aí desempenhou, a partir de 1980, tarefas de grande exigência, de elevada determinação e abnegação comunista, nos distritos de Castelo Branco, Guarda e Aveiro, assumindo no nosso distrito, onde passou a viver em 1986, a responsabilidade da Organização Regional da Juventude Comunista Portuguesa.

Desde então, identificou-se com este povo trabalhador e assumiu uma profunda ligação e um enorme sentido de pertença às massas trabalhadoras deste distrito, em toda a sua complexidade.

 

O António José Macedo, desde sempre e até ao fim dos seus breves dias, esteve onde devem estar os comunistas, como peixe na água entre as massas, vivendo as suas aspirações e participando na sua vida colectiva e na luta por melhores condições de vida, pela justiça social, pela defesa e aprofundamento da democracia de Abril, abrindo e indicando caminhos e construindo, colectivamente, um novo rumo para  Portugal.

Envolveu-se e comprometeu-se, com cada fio da sua vontade, da sua determinação e inteligência, na vida, nas dificuldades, nas alegrias e dramas, nas aspirações e nas lutas dos pescadores e de todo o povo trabalhador do Distrito.

Tornou-se o “TÓ ZÉ Pescador” que todos conhecemos. Dirigente destacado do Sindicato e da Federação das Pescas, da União dos Sindicatos de Aveiro e da CGTP- Intersindical Nacional.

E foi assim o TÓ ZÉ - sempre -, com a sua confiança na transformação social e no futuro progressista da humanidade, com a sua coragem, com a força do seu exemplo ético e humano, com a sua “imensa alegria”, foi assim - como dirigente associativo, como sindicalista e como militante comunista.

 

António José Macedo foi membro da Direcção Regional de Aveiro do PCP desde 1986, assumindo as mais diversificadas responsabilidades regionais e na Comissão Nacional de Pescas junto do Comité Central do Partido.

Foi candidato do PCP ao Parlamento Europeu, à Assembleia da República e às Autarquias. Ainda em 2009, foi cabeça de lista da CDU à Câmara Municipal de Ovar, batalha que travou, já doente, em condições muito difíceis, sempre com abnegação e coragem e com enorme sentido de colectivo e de serviço aos trabalhadores e ao nosso povo.

 

António José Macedo faleceu. Era um daqueles homens que lutaram toda a vida em defesa da classe operária, dos trabalhadores, dos pescadores, dos que menos têm e menos podem, dos explorados e oprimidos.

Um amigo muito grande, um homem em quem se podia confiar - sempre -, um camarada de todos os momentos, um comunista do colectivo partidário, das causas e ideais do seu Partido, da luta pela Paz, pelo Socialismo e pelo Comunismo.

Um daqueles homens de quem Brecht dizia serem “os imprescindíveis”.

 

Os comunistas de Ovar e do Distrito de Aveiro perderam o TÓ ZÉ, mas sabem que, do seu labor incansável, do seu exemplo, da sua vontade, da sua determinação e confiança comunista, nascem todos os dias, nascem aqui e agora, novas forças e novas vontades, para abrir caminho à transformação social e a um Portugal com futuro.

Os comunistas portugueses sabem que o António José Macedo é um daqueles cuja obra e o exemplo “vão ao nosso lado”, irão sempre ao nosso lado, na luta, no reforço do Partido, no Rumo à vitória.

Os comunistas portugueses, os democratas e patriotas estão connosco neste sentimento de profundo pesar, de solidariedade com a sua companheira, os seus filhos, a sua família, os seus amigos e camaradas.

E estão connosco na determinação e na confiança.


Como dizia o poeta:

“... quando a noite é de mais é que amanhece A cor da primavera que há-de vir.”

 

Viva o Partido Comunista Português.

Ovar, 08 de Maio de 2010