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Renata Costa, Manuela Mourão, Carlos Gonçalves e Dinis Silveira

O salão da Biblioteca Municipal de Ovar foi pequeno para acolher a deslumbrante enchente de pessoas que acorreram a assistir à Sessão Inaugurativa da Exposição Evocativa de Álvaro Cunhal, por ocasião das comemorações do seu centenário. O evento teve como convidados especiais o Grupo de Coral de Professores, bem como a presença de Carlos Gonçalves, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP.

Casa cheia na inauguração da exposição evocativa de Álvaro Cunhal

A sessão iniciou-se com o visionamento de um documentário sobre a vida e obra de Álvaro Cunhal, com uma breve síntese da sua vida, do seu papel no pensamento do movimento comunista - reconhecido a nível internacional, na avaliação certeira da situação do país e das vias para a derrota do fascismo, no crescimento do PCP para um grande partido nacional, na Revolução de Abril e efectivação das suas conquistas, no combate à deriva ideológica aquando das derrotas do socialismo, na denúncia dos verdadeiros objectivos da UE e da moeda única, apenas para citar alguns exemplos. Álvaro Cunhal deu o melhor da sua vida à causa comunista, causa que lhe valeu perseguições, prisões e torturas, tendo permanecido 11 anos seguidos nas cadeias fascistas, 8 dos quais em completo isolamento. Fugiu de forma extraordinária, não para abandonar a luta, mas para a continuar de novo, numa grande prova de coragem e compromisso com a luta do trabalhadores e do povo português - ideal que o guiou ao longo de toda a sua impressionante vida.

Casa cheia na inauguração da exposição evocativa de Álvaro Cunhal

No entanto, Álvaro Cunhal não foi apenas um político excepcional, um intelectual certeiro ou um homem de fibra, mas também um homem profundamente dedicado às artes. Destacou-se nas artes plásticas, realçando-se os seus "desenhos da prisão", desenhados nas duras condições de isolamento, Destacou-se na literatura, de onde emergem as suas obras "Até amanhã camaradas", "Cinco dias e cinco noites" e a tradução para português d'«O Rei Lear», de William Shakespeare, entre outras. Destacou-se na reflexão artística, de que é exemplo o seu ensaio sobre estética «A Arte, o Artista e a Sociedade».


Seguiu-se a actuação do Coral de Professores sob a direcção do Maestro Guilhermino Monteiro. Numa actuação memorável que soube com naturalidade cativar e envolver o público, cantou-se Zeca Afonso e as Canções Heróicas de Fernando Lopes Graça. A actuação terminou com o épico "Acordai", obra intemporal deste compositor e militante comunista. Após os aplausos que se estenderam por largos minutos, Manuela Mourão e Renata Costa procederam à oferta, em nome do PCP e em jeito de agradecimento, de um desenho de Álvaro Cunhal a cada um dos professores, bem como aos representantes da Câmara Municipal e da Biblioteca Municipal.

Grupo Coral de Professores, dirigido pelo Maestro Guilhermino Monteiro

A intervenção final ficou a cargo de Carlos Gonçalves, membro da Comissão Política, que fez um breve resumo da vida de Álvaro Cunhal, em todas as suas facetas - político, intelectual, artista - bem como da actualidade do seu pensamento, nas suas linhas essenciais, na compreensão do carácter predatório do capitalismo e da necessidade da sua superação pela via do socialismo. Vivemos tempos em que a esmagadora maioria do povo português sofre uma gigantesca extorsão por via de um Estado que não é mais do que a comissão gestora do grande capital, financeiro ou não. Em que as grandes opções políticas e económicas são tomadas em benefício de um punhado de grupos económicos e não do bem-estar do povo e do desenvolvimento do país. Em que - tal como o PCP sempre afirmou - a perda de democracia económica implica uma perda de democracia social, cultural e até política, visível na fascização progressiva do discurso e métodos do actual governo. E em que, dia após dia, se torna cada vez mais premente e mais urgente o derrube deste governo de desastre nacional, que enfrentará, já no próximo dia 27, os trabalhadores numa nova greve geral.

Carlos Gonçalves, da Comissão Política do PCP

"Exemplo que se projecta na actualidade e no futuro" - é este o título da exposição de Álvaro Cunhal que continuará disponível até ao dia 29 de Junho, no átrio da Biblioteca Municipal de Ovar. Uma exposição aberta a todos, que pretende espelhar não uma visão passadista da vida deste dirigente comunista, mas um exemplo de uma fascinante vida de luta abnegada que interessa a todos aqueles que - comunistas e não comunistas - lutam hoje por um futuro melhor para todos, por um Portugal justo e soberano no dia de amanhã.


A Comissão Concelhia de Ovar do PCP agradece sinceramente a presença de todos os convidados e entidades no evento, bem como de todos aqueles que, não podendo vir, enviaram uma mensagem de saudação.