A propósito da passagem dos 96 anos sobre o nascimento daquele que foi um dos seus mais valorosos militantes, a Comissão Concelhia de Ovar do PCP promoveu este Domingo uma romagem à campa de Moisés Lamarão. Para além dos muitos militantes que quiseram associar-se a esta iniciativa, participaram igualmente alguns familiares e amigos, numa homenagem sentida a um homem que marcou profundamente todos quantos tiveram a sorte de com ele conviver.
Moisés Lamarão nasceu a 23 de Dezembro de 1911. Filiou-se no Partido Comunista Português em 1929. Ao longo da sua vida de militância comunista ininterrupta que durou até à sua morte, a 14 de Junho de 1979, o Moisés, como era conhecido entre os seus pares, lutou de forma incansável pela causa dos trabalhadores e do povo e pelo engrandecimento do seu Partido de sempre, o Partido Comunista Português. Várias vezes preso pela PIDE durante a noite fascista, e com a saúde prematuramente debilitada pelos longos anos de cadeia que foi somando ao longo da sua vida, nunca desistiu. O seu papel na organização clandestina do PCP em Ovar e posteriormente na sua consolidação como grande partido de massas a seguir à Revolução de Abril é hoje reconhecido por todos.
Depois de lidas algumas notas biográficas significativas sobre a vida de Moisés Lamarão, interveio Miguel Viegas que, em nome da Comissão Concelhia de Ovar do PCP, começou por agradecer a presença de todos numa homenagem de grande significado para o colectivo partidário de Ovar, mas também para a cidade e seus trabalhadores. Recordar a camarada Moisés é honrar a história de um Partido construído por muitas gerações de comunistas que deram o melhor de si, e em muitos casos a própria vida, em prol da liberdade, da democracia e do socialismo. O exemplo de Moisés, como parte desta construção colectiva que foi, é e será sempre o PCP, dá-nos força e alento para continuarmos a luta. Saibamos nós ser dignos deste exemplo, reforçando o PCP e continuando esta longa marcha rumo ao socialismo e ao comunismo.
Segue-se o teor da intervenção de Manuel Duarte sobre a vida de José Lamarão.
Moisés Ferreira Lamarão. Operário da Câmara Municipal de Ovar.
Nasceu em Ovar a 23 de Dezembro de 1911, faz hoje precisamente 96 anos. Inscreveu-se no Partido Comunista Português em 1929. Pertenceu ao MUD, Movimento de Unidade Democrática, ampla frente unitária de luta contra o fascismo. Esteve preso entre 1936 e 1940, tendo passado pelas cadeias do Aljube e Angra do Heroísmo (nos Açores).
Em 1940, organizou o 1º Comité Local de Ovar do PCP com os camaradas Manuel Maria de Jesus, Manuel Mara de Oliveira Rocha e Francisco de Oliveira Manarte.
Em Dezembro de 1943 são presos pela PIDE e acusados de serem agentes a soldo do comunismo. Moisés foi então condenado a 4 anos de prisão.
Em 1946 organiza o 2º Comité Local de Ovar do PCP com os camaradas Almor Viegas Pires, António Correia Lopes, Augusto Aragão dos Santos, José de Oliveira Filipe e Manuel Maria da Silva Figueiredo.
Novamente são presos em Abril de 1947, ficando privados de liberdade e sem culpa formada até Fevereiro de 1951. A condenação foi em média de 8 meses.
Em Julho de 1974, imediatamente a seguir à revolução, foi inaugurado o Centro de Trabalho de Ovar do PCP. Moisés fazia parte da Comissão Concelhia juntamente com os camaradas António Romão, Henrique Neiva, José de Almeida Filipe e Augusto Soares.
Como funcionário da Câmara Municipal de Ovar fez parte da Comissão de Trabalhadores onde granjeou grande prestígio e admiração ao serviço dos interesses de quem trabalha.
Trazer até nós a lembrança de Moisés, neste momento, não é apenas uma homenagem de circunstância. Moisés era uma pessoa simples, um trabalhador, dispensava homenagens.
Olhando agora para a sua vida, o seu exemplo, a sua bela figura expressa neste belíssimo retrato, dá-nos a coragem para enfrentar as adversidades que encontramos no dia-a-dia da luta de classe.
Moisés nunca desistiu, apesar dos muitos anos de prisão. Voltava sempre para estar com o PCP, seu Partido de sempre, ao lado dos trabalhadores e do povo.
São estes exemplos que nos fazem mais fortes.
Vivam os trabalhadores Portugueses Viva O Partido Comunista Português