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Manuel Duarte e Mário Jorge no Cais da RibeiraO Cais da Ribeira representa uma dos mais valiosos testemunhos da nossa cultura. Construído em 1754, o Cais da Ribeira foi ao longo de mais de duzentos anos um autêntico pólo de desenvolvimento da nossa economia local e regional. Para além de constituir uma plataforma logística estrutural na ligação entre o norte do distrito e a cidade de Aveiro, nele se cruzam muitas e variadas actividades económicas, como sejam a pesca e apanha do moliço, a produção de sal e a carpintaria naval. A passagem pelo Cais da Ribeira da Rainha D. Maria II, com toda a sua comitiva, a caminho de Aveiro em 1852, (recriada no ano passado numa encenação promovida pelos Amigos da Avenida e pela Câmara Municipal de Aveiro) testemunha bem a importância deste património histórico da nossa cidade.

Lamentavelmente, o Cais da Ribeira encontra-se completamente abandonado, seja ao nível da própria Ria, completamente assoreada, seja pelo cais propriamente dito, seja pelos edifícios circundantes, que conferem a toda aquela zona uma imagem de aldeia fantasma. No quadro do Polis da Ria de Aveiro, aprovado recentemente, foi lançado no passado dia 6 de Maio, em Diário da República, um concurso para, no âmbito do Polis, a Elaboração do Projecto de Reordenamento e Qualificação da Frente Lagunar de Ovar - Cais da Ribeira, Foz do Rio Cáster e Praia do Areinho. O projecto destina-se a reordenar e qualificar a Frente Lagunar de Ovar, dotando-a de condições de vivência e usufruto pela população e visitantes, e permitindo uma ligação de qualidade com o espaço Ria. O projecto contemplará o reordenamento e a valorização paisagística da área envolvente ao Cais da Ribeira, com a construção de um edifício de apoio à Ecopista.

Posto isto, e depois de Manuel Duarte ter levantado a questão na última Assembleia de Freguesia de Ovar, Miguel Viegas, eleito do PCP na AssembleiaManuel Duarte e Mário Jorge Municipal de Ovar volta à carga, num momento em que acabou o prazo para entrega dos projectos. Questionando, naturalmente, a existência do projecto e sua eventual avaliação, o deputado comunista questiona igualmente a Câmara sobre a necessidade de potenciar o investimento a realizar naquele cais, numa lógica de complementaridade. Uma vez que o Polis, a acreditar no projecto, apenas irá desassorear a Ria, recuperar o cais e construir um pequeno equipamento de apoio às ciclovias, é evidente que caberá à Câmara dinamizar todo aquele valioso espaço, cheio de tradições, onde poderiam nascer, no futuro, instalações desportivas ligadas aos desportos náuticos ou, ainda, equipamentos culturais destinados à preservação da memoria histórica sobres as actividades da pesca, do sal ou da industrial naval, que ali floresceram no séculos XIX e princípio do século XX.

 

Ovar, 2 de Agosto de 2010

A Comissão Concelhia de Ovar do PCP