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Muito se tem discutido a propósito do Sportsforum. Sendo este facto, só por si, muito positivo e revelador do interesse das populações nos assuntos de política local, importa todavia reconhecer que a esta discussão tem faltado em muitos casos alguma objectividade e até alguma seriedade por parte de algumas vozes que se têm revelado contra o projecto.

 

Em primeiro lugar, vejamos do quê que estamos a falar: o Sportsforum representa um investimento no concelho da ordem dos 50 milhões de euros, que inclui uma área comercial com diversas salas de cinema e um pavilhão multiusos com capacidade para 2500 lugares e que irá criar no total cerca de 750 a 800 postos de trabalho directos. Estamos a falar numa unidade que deverá apresentar um volume de vendas da ordem dos 75 a 80 milhões de euros, de acordo com os rácios usuais no comércio a retalho, o que representa um aumento potencial de 4% no produto total do concelho.

Para termos uma ideia do verdadeiro impacto destes números à escala do concelho, refira-se que a despesa global anual da Câmara de Ovar anda à volta dos 20 milhões de euros, sendo a despesa de capital da ordem dos 7 milhões. Se olharmos apenas para a despesa de capital da Câmara de Ovar no sector da Cultura e do desporto, ou seja aquilo que tem sido investido pela Câmara em equipamentos para a cultura e para o desporto, verificamos que esta verba andará apenas à volta dos 200 mil euros.

Ou seja, trata-se de um investimento que terá inevitavelmente profundas repercussões no concelho e que, pela sua dimensão, não pode deixar indiferente nenhum agente político responsável. Para alem dos números, importa igualmente referir que o projecto inclui um conjunto de equipamento desportivos e culturais reclamados há muito pela população e que poderá trazer ao concelho uma série de eventos que por falta de condições têm sido realizados fora do concelho. Veja-se, apenas a título de exemplo os jogos da Ovarense Basket nas competições europeias que por falta de condições têm sido realisados em S. João da Madeira.

 

Mas nem tudo são rosas neste projecto. Em primeiro lugar, não estamos a falar de um equipamento municipal, embora a Câmara fique com direitos de uso sobre o pavilhão. Esperemos que esta tenha capacidade e engenho para poder explorar esta cláusula a favor da população. Além disso importa igualmente referir que o projecto representa um conjunto de encargos para a Câmara na construção de infra-estruturas no terreno e no conjunto de isenções fiscais concedidas ao Grupo Amorim. Veremos se as exigências se ficam por aqui. Temos tambem o impacto ambiental traduzido no abate parcial de cerca de 12 hectares de pinhal. Finalmente, e tendo em conta que não se trata de um investimento produtivo, não serão de esperar grandes efeitos de “arrasto” ao nível da economia local, como seria o caso no caso por exemplo de uma Auto-Europa. Tenhamos até em consideração que os efeitos poderão ser negativos ao nível do comércio local, embora pessoalmente, não creia que isto aconteça.

Perante estes dados eu pergunto: num quadro recessivo como aquele que estamos a viver, com empresas a fechar, desemprego a subir, investimento em queda (veja-se os míseros 600 mil euros do PIDDAC do ano em curso para o concelho de Ovar), qual a força política responsável que pode desdenhar este projecto? Um projecto no qual a CDU porventura não se revê. Mas um projecto cujas vantagens para o Concelho surplantam claramente as desvantagens. A CDU é uma força séria e responsável e está na política para defender a população e contribuir para o desenvolvimento económico do Concelho. Como tal e após analisar cuidadosamente toda os aspectos desta matéria, tem estado desde a primeira hora com este projecto.

 

Uma última nota final: a CDU avalia como positivo a construção de equipamentos privados no concelho. Mas isto não invalida a necessidade absolutamente imperativa da Câmara ter os seus próprios equipamentos por forma a poder desenvolver verdadeiras políticas desportivas e culturais. Assim e realtivamente a esta matéria continuaremos a defender por exemplo, a construção de um complexo desportivo municipal que há muito já deveria ter sido construído. Quanto aos postos de trabalho que têm merecido igualmente legítimas preocupações relativamente à sua qualidade, venham eles e cá estaremos para os defender.

 

Ovar, 4 de Setembro de 2006

Miguel Viegas