No quadro das comemorações dos 87 anos de vida do Partido Comunista Português, fundado a 6 de Março de 1921, a Organização Concelhia de Ovar do PCP organizou este Sábado um jantar de confraternização, aberto a militantes e simpatizantes. Contrariamente ao que era hábito nos últimos anos, o repasto foi preparado e servido no Centro de Trabalho, aproveitando o amplo salão nascido das obras de renovação recentemente realizadas. Esta iniciativa contou com a participação de Armindo Miranda, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP.
Na primeira intervenção da noite, Miguel Viegas, membro da Comissão Concelhia, num sucinto balanço de mais um ano de vida do Partido em Ovar, fez questão de mais uma vez enaltecer o bom momento vivido pela organização. Um bom momento sem o qual não teria sido possível realizar o que foi realizado: um Centro de Trabalho completamente renovado e um partido mais forte, mais interveniente, com mais militantes, mais organizado e uma maior difusão do Avante!.
Mas a intervenção central da noite viria mais tarde pela voz de Armindo Miranda, membro da Comissão Política do Partido, que recordou alguns dos traços mais marcantes destas quase nove décadas de existência do PCP. A história da humanidade é a história da luta dos povos oprimidos contra os seus opressores. Neste sentido, a história do PCP, único Partido que atravessou toda a longa noite fascista, é indissociável da história contemporânea de Portugal. Festejar 87 anos de vida do PCP é também por isso, segundo Armindo Miranda, homenagear os muitos milhares de comunistas que dedicaram toda a sua vida em prol da democracia e da liberdade, e que tornaram possível a transformação do golpe militar do 25 de Abril num processo revolucionário popular. A segunda homenagem da noite seria dedicada às mulheres portuguesas, assinalando assim o Dia Internacional da Mulher. Uma homenagem que representa igualmente um apelo à luta na medida em que continuam hoje a existir profundas discriminações de género na sociedade portuguesa seja no quadro salarial seja no acesso ao emprego e aos lugares de chefia.
Na apreciação política do momento actual, o destaque iria naturalmente para duas amplas e significativas acções de massas, a primeira realizada no passado fim-de-semana, organizada pelo PCP e que juntou em Lisboa mais de 50 mil militantes e simpatizantes do Partido em defesa da liberdade e da democracia, e a segunda convocada pela Fenprof, que juntou igualmente em Lisboa mais de 100 mil professores. Independentemente das consequências que estas acções não deixarão de ter ao nível do governo mas também ao nível das restantes camadas da população portuguesa, Armindo Miranda sublinhou o papel determinante que a luta de massas desempenhou ao longo da história. O povo em luta e em movimento representa uma força imparável e temível junto das classes dominantes. Sem este povo em luta, não teriam sido possível a maioria das conquistas do 25 de Abril, muitas das quais arrancadas a ferros contra a resistência dos Partidos que na altura tal como hoje alternam no poder. Mas um povo em luta sem horizonte político, sem vanguarda revolucionário torna-se inconsequente. Daí a necessidade de um PCP mais forte e organizado, um Partido que, ao longo de toda a sua história soube representar esta vanguarda, lutando com o povo e buscando no povo a sua força e a sua razão de existir. Estas são algumas questões centrais que deverão começar a ser discutidas no quadro do XVII Congresso do PCP que terá lugar no final do ano e cuja primeira de três fases agora começa e na qual todos os militantes serão chamados a participar numa ampla demonstração de democracia interna.