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O Concelho de Ovar possui, como é reconhecido, um enorme património cultural e arquitectónico que testemunha um conjunto de vivências antigas muito diversas onde se cruzam pescadores, agricultores, comerciantes, artesãos e outras camadas sociais. No quadro deste valioso património, as lendas de cariz religioso - algumas delas associadas a romarias com largas tradições - assumem papel de relevo.

Procurando recordar uma das romarias mais antigas do concelho, José Sona e outros activistas da CDU percorreram recentemente o antigo caminho que liga a cidade de Ovar até ao Cruzeiro da Virgem onde, segundo reza a lenda, Nossa Senhora de Entráguas terá concedido, no ano da graça de 1678, o dom da fala a uma jovem pastora muda, permitindo a esta chamar por socorro e afastar o grupo de caçadores que a queriam molestar. Ainda não há muito tempo, centenas de famílias aproveitavam os primeiros dias de calor do mês de Maio para esta romaria, que incluía sempre a merenda nas imediações da capela, onde ainda são visíveis no cruzeiro a gravação da data e a referência ao milagre.

 

O caminho degradado

Hoje, apesar do local se manter em boas condições, pese embora a placa se encontrar completamente destruída e serem igualmente visíveis alguns problemas com os cabos de alimentação eléctrica, o que mais preocupa a CDU tem a ver com o caminho que liga Ovar ao local. Ao longo dos cerca de 3-4 Km de um caminho por entre a mata, que deveria representar um autêntico hino à mãe Natureza, o que os activistas da CDU encontraram foi lixo e mais lixo, de todo o tipo e por todo o lado, revelando pouco civismo por parte daqueles que ao longo de anos foram depositando de forma impune todo aqueles detritos, mas também uma total falta de interesse por parte da autarquia em preservar as tradições da terra e, particularmente, esta, com raízes ancestrais.

 

Pela parte da CDU e do seu eleito José Sona, ficou desde logo a decisão de levantar este problema junto da Câmara Municipal apelando, em primeiro lugar, para uma limpeza de todo o caminho e, em segundo lugar, aproveitar a "boleia" para valorizar aquele trajecto através da criação de um itinerário pedestre devidamente sinalizado e com painéis evocativos da lenda, que importa preservar e transmitir às gerações vindouras.