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Decorreu este sábado 5 de Maio, na Biblioteca Municipal, a sessão de apresentação em Ovar das "Obras Escolhidas de Álvaro Cunhal, Tomo I ", organizada pela Organização Concelhia local do PCP em colaboração com a Câmara Municipal.

Presentes na mesa estiveram José Casanova, director do jornal Avante e membro da Comissão Política do PCP, a quem caberia a apresentação do primeiro volume das Obras Completas de Álvaro Cunhal - que em boa hora as Edições Avante se decidiram lançar -, Miguel Viegas da organização local do PCP e a Prof. Conceição Vasconcelos, vereadora da cultura, em representação da Câmara.

 

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Numa intervenção, necessariamente longa mas simultaneamente exaltante, que cativou os muitos presentes que se deslocaram à biblioteca no passado sábado, José Casanova recordou o Homem, Álvaro Cunhal e a sua obra, que desde muito cedo se confunde com a própria história do Partido Comunista Português. Este primeiro volume, que abrange os escritos realizados entre 1935 e 1947, revelam já o pensamento marxista de Cunhal, que desde muito cedo demonstra a capacidade de ler e apreender os conceitos e, acima de tudo, de os interpretar de forma criativa à luz da realidade concreta onde se insere e intervém.

Mais tarde, já no início da década de 40, talvez no período mais negro da história mundial, no qual parece imparável a ascensão do nazi-fascismo à escala mundial, Álvaro Cunhal, conjuntamente com numerosos outros camaradas, empreende a reorganização do PCP, imprimindo-lhe uma identidade própria que perdura até aos nossos dias. Uma identidade que traduz um conjunto de valores fundamentais, onde se destaca a natureza de classe do Partido, a valorização do trabalho colectivo, uma profunda democracia interna e uma ampla ligação às massas trabalhadores.

 

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Segundo José Casanova, a leitura destes textos representa uma condição essencial para se perceber o Partido que somos e queremos continuar a ser.

Durante o debate participado que se seguiu, vários foram os aspectos focados. A unidade antifascista, que Álvaro Cunhal procurou alargar de forma sistemática a todos os sectores democráticos da sociedade (intelectuais, católicos etc.), a campanha de Humberto Delgado, as prisões e as torturas foram sucessivamente recordados pelos vários intervenientes, alguns dos quais testemunhos vivos resistência à longa noite fascista que se viveu em Portugal.

 

A importância da luta e o papel nestas dos comunistas foram igualmente sublinhados num período histórico em que os governos e as classes dominantes procuram impor o retrocesso e o empobrecimento da nossa democracia, a democracia de Abril, nas suas vertentes social, económica, cultural e até política.