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Perante o total abandono a que tem sido votada a Ria por parte da Câmara Municipal de Ovar e no quadro da preparação da próxima reunião da Assembleia Municipal, vários eleitos e activistas da CDU têm vindo a reunir com diversas entidades ligadas à Ria no sentido de perceber melhor o actual estado daquela que é referida, e bem, como uma das jóias do município de Ovar.

Depois de terem reunido com dirigentes do recém-constituído Clube de Canoagem de Ovar e do Centro Náutico da Ria de Ovar, António José Macedo, José Sona e Miguel Viegas estiveram no passado sábado no Cais do Puxadouro onde mantiveram contactos com pescadores, através dos quais se confirmaram as piores expectativas relativamente à Ria de Aveiro em geral e aos Canais de Ovar e de Pardilhó em particular: a não existir uma intervenção de fundo que altere profundamente o actual curso de degradação e assoreamento da Ria, Ovar pode deixar de ter Ria nos próximos anos.

 

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Esta situação assume maior gravidade tendo em conta, por um lado, os avultados investimentos públicos realizados na Marina de Ovar, cuja viabilidade fica claramente em causa com o actual estado de assoreamento do Canal de Ovar e, por outro, a desastrosa intervenção de desassoreamento de 1998, na qual os dragados foram depositados no espaço margem, voltando posteriormente ao leito da Ria.

Posto isto, a CDU de Ovar entende que se impõe com carácter de urgência uma alteração radical daquela que tem sido a postura de total desinteresse da Câmara de Ovar relativamente à Ria. Neste sentido, a CDU, através do seu eleito na Assembleia Municipal, irá propor dois eixos principais de intervenção.

O primeiro prende-se com a necessidade de garantir a navegabilidade dos Canais de Ovar e de Pardilhó. Sendo certo que esta intervenção necessita de ser devidamente planeada e pensada de forma integrada, evitando assim erros do passado, não é menos certo que chegou o tempo de exigi-la o quanto antes junto de quem de direito, ou seja, junto do Ministério do Ambiente. O segundo implica agir localmente, assumindo a Câmara a sua quota de responsabilidade na recuperação e valorização do espaço margem da Ria de Aveiro que lhe diz respeito.

 

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A CDU de Ovar não compreende como é que a Câmara Municipal de Ovar - como parceira do projecto ESGIRA-MARIA, projecto dinamizado pela Universidade de Aveiro e financiado pela UE, com objectivos muito concretos relativamente à recuperação dos cais da Ria e da criação da Área Protegida da foz do Rio Cáster (entre outros) - não tenha sido capaz de dar sequência a todo um meritório trabalho que assim acabou por não trazer nada de novo ao Concelho de Ovar.

Os cais (Ribeira, Pedra, Carregal, Tijosa e Puxadouro) continuam em completo estado de abandono e a área protegida ainda não passou do papel. Tendo em conta a localização dos primeiros, a CDU entende que a criação da citada área protegida deveria representar uma prioridade capaz de potenciar um conjunto de intervenções aos mais variados níveis: recuperação de estruturas, itinerários verdes, observatórios de aves, painéis pedagógicos, etc.

 

Ao nada fazer e escudando-se, como é habitual, nas complicadas teias político-administrativas que envolvem a gestão da Ria de Aveiro, a Câmara de Ovar torna-se parte do problema quando deveria ser parte de uma solução que todos queremos para a nossa Ria.