Militantes à porta da empresa

Há já mais de um ano que o Grupo Investvar, detentor da marca de calçado Aerosoles, apresenta dificuldades, dando origem a todo o tipo de rumores relativamente ao seu futuro. Depois de apresentada com exemplo de internacionalização, com sucessivas operações de deslocalizações da produção para países terceiros tais com a Índia, a China, o Brasil ou a Roménia, os resultados não parecem ter correspondido às expectativas dos arautos da globalização e do mercado livre.

 

Culimando um ano de incertezas, e apesar das duas injecções de capital através da Inovcapital e da aicep Capital Global e da intervenção da Caixa Geral de Depósitos, a Administração da empresa comunicou esta semana aos trabalhadores que não tinha meios para proceder à liquidação do subsídio de natal. Perante a natural e justa indignação dos trabalhadores, a mesma Administração anunciou uma restruturação da empresa, considerada inevitável para garantir a viabilidade da empresa.

Na sequência deste lamentável episódio, que representa antes de mais um autêntico roubo aos trabalhadores, o PCP, através do seu Grupo Parlamentar na Assembleia da República, entregou hoje na Assembleia da República um requerimento denunciando a situação e reclamando do governo uma pronta intervenção. Também a deputada do Parlamento Europeu, Ilda Figueiredo, enviou já uma pergunta à Comissão Europeia sobre este problema. Ambos os documentos podem ser consultados na secção de downloads.

Procurando levar a solidariade do PCP aos trabalhadores da Aerosoles, vários dirigentes locais e regionais do Partido estiveram também hoje à porta da empresa dando conta aos trabalhadores dos requerimentos entregues e exortando todos a lutarem em unidade na defesa dos seus postos de trabalho. Esta situação representa um verdadeiro escândalo só possível num país onde o poder político deixou há muito de estar ao serviço de povo para se transformar numa autêntica comissão de gestão dos interesses do grande capital. Só assim se explica a desfacatez com que a Administração da Aerosoles, que já ganhou milhões de euros à custa do suor dos seus trabalhadores, pretenda agora roubar-lhe um mês de ordenado, recorrendo à habitual ameaça dos despedimentos.

Não está em causa a viabilidade desta importante empresa que já deu trabalho a milhares de trabalhadores em toda a região. Os trabalhadores não podem ser responsabilizados por uma gestão aventureira cujos resultados estão à vista. O Estado Português tem hoje, através das duas sociedades de capital de risco citadas, um papel decisivo e incontornável no futuro da empresa. Neste quadro o PCP apela à unidade e firmeza de todos os seus trabalhadores na exigência do cumprimento integral dos seus direitos e reclama do governo, tão lesto em socorrer o sector financeiro, uma intervenção que garanta a manutenção dos postos de trabalho apoiando quem trabalha.

Pode consultar o requerimento de Jorge Machado na Ass. da República, aqui.
Pode consultar a pergunta parlamentar de Ilda Figueiredo no Parl. Europeu, aqui.