Yazaki recorre ao lay-off

A Yazaki Saltano, criada em 1986, acumulou ao longo de décadas dezenas de milhões de euros de lucros à custa do esforço dos seus trabalhadores, mas também ao abrigo de dezenas de milhões de ajudas públicas nacionais e comunitárias: cedência de terrenos, isenções fiscais, Pedip, Prime, Fundo Social Europeu, etc. Apesar de todos estes fartos apoios, a empresa encetou nos últimos anos um deliberado processo de deslocalização da produção para outros países (norte de África e Leste Europeu) despedindo milhares de trabalhadores como se de peças descartáveis se tratassem. Dos mais de 7000 trabalhadores que chegou a empregar na década de noventa, restam hoje menos de 1400.

 

Mas o capital é insaciável. Não contente com este historial, a empresa pretende explorar ainda mais os trabalhadores da Yazaki, desta vez à custa da segurança social e através do lay off. Com mais este expediente, a Yazaki consegue a proeza de, simultaneamente, pôr os trabalhadores em casa à disposição da empresa com o seu salário reduzido em 30%, pagar apenas 1 terço desta chamada compensação distributiva e pôr a Segurança Social a pagar os restantes 2 terços. Ou seja, são os descontos feitos pelos trabalhadores da Yazaki ao longo dos anos que vão direitinhos para os bolsos do patrão!

O Governo PS/Sócrates tem que assumir as suas responsabilidades na resolução destes problemas, pois é o principal responsável pela situação económica e social do país e pelas políticas laborais que cada vez mais se agravam. Não basta dar milhões à banca e distribuir apoios e subsídios a empresas que sistematicamente despedem trabalhadores. Não basta a propaganda dos ministros em constante rodopio pelo país a anunciar milhões que nunca chegam aos trabalhadores. Tal como o PCP tem defendido, é preciso prevenir, impedir e em último caso, fiscalizar estes processos de lay off, e sendo caso disso, intervir contra os infractores.

 

O PCP, que esteve esta semana à porta da empresa em contacto com os trabalhadores, apresentará esta semana na Assembleia da República um requerimento ao governo sobre este problema. Por outro lado, a Comissão Concelhia de Ovar do PCP exorta todos os trabalhadores - que estão em risco de perderem um terço do seu salário durante 6 meses a um ano - a demonstrar toda a sua indignação.