Num roteiro dedicado ao património histórico da cidade de Ovar que levou os candidatos António José Macedo e Miguel Viegas a visitar vários monumentos que representam referencias obrigatórias, ficou bem visível a incapacidade desta Câmara em honrar o seu papel de guardião da nossa memória colectiva.
O caso das fontes é paradigmático. Depois de vários mandatos onde sistematicamente se falou da necessidade de recuperar as muitas fontes da cidade, eis que finalmente a Câmara decidiu em vésperas de eleições recuperar apenas uma de entre as muitas que continuam completamente abandonadas (Luzes, Arruela, Alexandre Herculano, Pelames, Júlio Dinis etc.). A situação da Casa Museu Júlio Dinis é seguramente outro exemplo.
A arte sacra que conta com um conjunto valioso de peças e edificações mereceu igualmente a atenção dos candidatos através de uma visita à Capela de S. Miguel neste momento com obras de restauro da responsabilidade de Marcos Muge. Segundo informações dadas pelo próprio, a Capela de S. Miguel, construída no século XVIII, acabou por ter de sofrer uma intervenção muito mais profundo do que aquela que tinha sido idealizada, pelo facto do seu estado de conservação se ter revelado em muito pior estado do que o previsto. É lamentável que, num momento em que são desperdiçados muitos recursos em actividades de retorno duvidoso (veja-se os 100 mil euros gastos anualmente com a parceria com a Fundação Serralves) não haja verbas para reparações comprovadamente necessárias, obrigando ao eterno remendo.
Outro tema de conversa acabaria por ser as sete Capelas dos Passos, construídas no século XVIII e cujo percurso começa na Igreja Matriz, disseminando-se por outros cinco nichos na zona histórica da cidade, e terminando na capela do Calvário. A manutenção dos telhados e particularmente da canejas não têm sido feitas nas melhores condições, e, ainda segundo Marcos Muge, mantém-se a necessidade de uma intervenção de facto ao nível da desinfestação das madeiras e da fixação de toda a policromia e douramento que esteja em destaque. É lamentável que, devido às infiltrações se tenha recentemente perdido mais uma pintura na Capela do Horto, sem que até hoje se tenham apurado responsabilidades.
Como está explícito no Programa Eleitoral da CDU, a recuperação, manutenção e valorização do nosso património construído representam autênticos alicerces de uma estratégia de desenvolvimento voltada para os nossos recursos endógenos, potenciando-os numa lógica de promoção da nossa cultura com sólidos impactos ao nível não só do turismo mas também na própria auto-estima do povo de Ovar.