Há já mais de um ano que o Grupo Investvar atravessa um período de grande turbulência. Apresentada ainda há poucos anos como empresa modelo a seguir por todas as PME's portuguesas, a verdade é que a estratégia de internacionalização, incluindo a deslocalização da produção para outros países como a China ou o Brasil veio a revelar-se num autêntico desastre económico e financeiro deixando perplexos os arautos da globalização e do neoliberalismo.
Hoje, e apesar do Estado através de dois fundos públicos de capital de risco (Inovcapital e a AICEP Capital global) ser o accionista maioritário, a empresa não pagou aos seus trabalhadores o salário de Outubro. A Glovar, empresa do grupo situada em Castelo de Paiva, encontra-se sem trabalhar há quase um mês com os seus trabalhadores à porta das instalações.
Apesar dos apelos dos trabalhadores e da intervenção do PCP na Assembleia da República, o Governo continua a não assumir as suas responsabilidades perante esta situação, recusando dar o seu indispensável aval ao plano de reestruturação desta importante empresa da região e do país que chegou a representar 5% de todas as exportações de calçado português.
Procurando marcar medidas de luta contra esta vergonha, os trabalhadores estiveram hoje reunidos em plenário com o seu sindicato, à porta da empresa. Como não poderia deixar de ser, o Partido Comunista Português, que tem acompanhado esta luta desde o início independentemente do calendário eleitoral, fez-se representar ao mais alto nível com a presença de Carlos Gonçalves, da Comissão Politica do PCP, João Pires e José Gaspar, ambos membros do Comité Central, para alem de António José Macedo e Miguel Viegas, dirigentes locais do Partido, sendo este último eleito na Assembleia Municipal de Ovar.
Na curta intervenção feita a convite dos trabalhadores, Carlos Gonçalves manifestou toda a solidariedade e apoio do PCP a esta luta que necessita de uma grande união de todos os trabalhadores. A luta está longe de chegar ao seu término e será preciso muita perseverança. Pela parte do PCP podem os trabalhadores contar como todo o apoio não só na luta institucional que irá continuar, na autarquia local, na Assembleia da República e também no Parlamento Europeu, mas também na luta fora das instituições, na rua e na empresa. Aproveitando o uso da palavra, o dirigente comunista anunciou a presença de Ilda Figueiredo na empresa na próxima sexta-feira de manhã.
Quanto às medidas de luta marcadas, o PCP não deixará de se associar a elas sempre que possível apelando à necessidade de uma ampla adesão de todos. O passado demonstra que, com a luta organizada dos trabalhadores foi possível manter a fábrica a trabalhar quando em finais de 2008, o encerramento era igualmente apresentado como inevitável.