Incerteza uma vez mais na Investvar

Vários militantes do PCP, incluindo Miguel Viegas, dirigente regional do Partido e eleito da Assembleia Municipal de Ovar, estiveram esta manhã à primeira hora à porta da empresa de Esmoriz da Investvar (ex Aerosoles) para denunciar mais um ataque aos seus trabalhadores e mais uma machadada no aparelho produtivo nacional.

 

Como é do conhecimento público, a administração do Grupo Investvar desistiu do processo de recuperação das suas empresas, designadamente da DCB, da Investshoes, Investvar Industrial, Glovar, Ilpe Ibérica e Gestvar. A Investvar Industrial foi já liquidada e as outras apenas aguarda pela conclusão do processo de insolvência.

Com a conivência do governo e a indiferença da Câmara de Ovar, e com um estranho silêncio do sindicato, foi montada e levada a cabo uma estratégia que visou o desvio sistemático de toda a produção da Aerosoles (agora Move-on) para a fábrica da Índia, com a liquidação progressiva de vários sectores (Glovar, Gestvar, Aeroshoes, Sonivar etc.).

 

Estamos em presença de um verdadeiro atentado aos legítimos direitos dos trabalhadores e à economia nacional.

Confirmam-se assim as recomendações da consultora Roland Berger que afirmava há cerca de ano e meio que a empresa só seria viável se deslocalizasse 90% da produção para a Índia – o que é falso, porque teria sido possível viabilizar a empresa desde que tivesse sido apoiada nesse sentido, com os investimentos e a vontade política indispensáveis.

Mas o facto é que, hoje em dia, coincidência ou não, é um Director da Roland Berger que é Presidente da Administração do ainda Grupo Investvar.

 

Após a entrada do Fundo de Recuperação de Empresa e da transformação de parte da dívida em capital, com a entrada de uma nova Administração, tudo o que aconteceu de verdadeiramente relevante foi a alienação de vários sectores à banca, contribuindo para uma mais acentuada ainda descapitalização da empresa, agravando ainda mais a sua situação já de si precária.

Neste grave momento apenas é dito aos trabalhadores que o despedimento em massa da sua maioria é inevitável e que a empresa não tem condições para pagar as respectivas indemnizações legais. O que está portanto agora em preparação – o despedimento massivo dos trabalhadores da Aerosoles, a maioria com décadas de dedicação à empresa, e a fuga ao pagamento dos respectivos direitos, de acordo com a Lei - é um autêntico roubo aos trabalhadores e é mais um ataque brutal à economia nacional e aos interesses do nosso país.

 

A Comissão Concelhia de Ovar do PCP entende que se há responsáveis pelo desastre, então caberia às entidades competentes encontrá-los e agir em conformidade, salvaguardando a empresa e os postos de trabalho. Através do seu Grupo Parlamentar, irá dar entrada esta semana na Assembleia da República mais um requerimento do PCP questionando que tipo de acompanhamento tem vindo o governo a realizar relativamente a este caso e que posição tem o governo relativamente à desistência da Administração da Investvar em viabilizar as empresas do grupo, mantendo a estratégias de deslocalização da produção para a Índia. Finalmente será igualmente colocada a questão: está ou não o Governo, como accionista principal do grupo Investvar, a pactuar com este verdadeiro atentado aos direitos de quem trabalha, legitimando um despedimento colectivo que a acontecer nos moldes anunciados, representa um roubo aos trabalhadores?