Escola Fragateiro fecha-se ao desporto jovem

Como era previsível - e tal como foi alertado oportunamente alertado pelo PCP - o modelo empresarial escolhido pelo governo para levar a cabo a recuperação das escolas secundárias do país começa agora a mostra a sua verdade natureza, com todas as nefastas consequências para a população.

Refira-se que o Grupo Parlamentar do PCP propôs recentemente a extinção da empresa Parque Escolar, Entidade Pública Empresarial (EPE), afirmando que a criação desta empresa geraria problemas nas escolas, na medida em que desresponsabiliza o Governo pela gestão do património e corroía profundamente a autonomia escolar, num contexto em que a própria democracia na gestão é já praticamente inexistente. A privatização de serviços, papelarias, cantinas, refeitórios e bares, de campos de jogos, sempre negada e desmentida na altura pelo PS, afirma-se já, hoje, como uma realidade, tal como o PCP previra e denunciara.

 

A Parque Escolar, EPE representa hoje um exemplo de má gestão em todos os aspectos, não apenas pelos problemas de estrutura bem patentes nas múltiplas infiltrações existentes que revelam erros grosseiros de construção, mas igualmente pelos elevadíssimos custos energéticos dos edifícios por manifesta incúrias nas opções arquitectónicas. O compadrio, o despesismo, a opacidade na gestão, a não realização de concursos públicos para selecção de projectistas, construtoras e aquisição de equipamentos, são marcas incontornáveis da acção desta empresa gerida por um conselho de administração pago regiamente mas onde mais uma vez o governo PSD não quis encontrar gordura onde cortar, tendo chumbado a proposto do PCP. Uma proposta séria e exequível que passaria por rentabilizar o Gabinete de Projecto do Ministério da Educação, que tem arquitectos e projectistas ao seu dispor e, inclusivamente, trabalha em estreita colaboração com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, que se encontra claramente subaproveitado.

 

Mas os efeitos da criação da Parque Escolar EPE vão muito para alem da construção, implicando igualmente um modelo de gestão que afasta os equipamentos da população escolar. Hoje, aquela que chegou a ser uma escola aberta à sociedade, transformou-se num equipamento semi-privado onde tudo se paga. Equipamentos que eram usados livremente ou a custos moderados, por jovens, no desporto escolar, ou inclusivamente pelos próprios docentes e funcionários, encontram-se hoje sob a jurisdição da Parque Escolar EPE que impôs uma tabela absurda de 50 euros por hora, levando inclusivamente os docentes e funcionários da escola que ali mantinha aulas de ginástica a usar os pavilhões quer da EB23 António Dias Simões, quer da Escola Secundária Júlio Dinis.

 

Perante esta situação, o PCP, através do seu eleito na Assembleia Municipal de Ovar, Miguel Viegas, esteve em contacto com diversos jovens que sentem na pela estas mudanças que dificultam objectivamente aquela que deveria ser uma prática apoiada por qualquer entidade governativa. Este episódio coloca naturalmente em cima da mesa a ausência de políticas desportivas ao nível concelhio, que deixa grande parte dos jovens sem qualquer alternativas desportivas por manifesta falta de equipamentos públicos acessíveis gratuitamente. Num momento de profunda crise, onde o rendimento das famílias é objecto de cortes profundos, esta questão assume plena actualidade e não deixará de ser objecto de um intervenção na próxima Assembleia Municipal de 27 de Fevereiro.