Desde o início do presente ano que rondam indefinições sobre o futuro do Hospital Dr. Francisco Zagalo. A possível devolução à Misericórdia, feita à revelia dos trabalhadores e mantida em segredo absoluto, bem como a proposta recentemente anunciada pelo Conselho Executivo da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA) de um acordo de “parceria de gestão” com o hospital traz inúmeras incertezas quanto ao serviços a prestar, no futuro, nesta instituição.
Nunca é demais sublinhar que esta instituição presta cuidados de saúde imprescindíveis à população do concelho de Ovar, encontrando-se este hospital bem equipado e com bons recursos humanos, sendo considerado excelente a vários níveis.
Neste sentido, e para apurar a actual situação deste hospital, Jorge Machado, deputado do PCP na Assembleia da República, esteve reunido com o Presidente do Conselho de Administração e com um grupo de trabalhadores.
Na reunião foi possível ouvir as preocupações do Presidente do Conselho de Administração (CA), que informou que desde 2007 foram feitas obras de milhares de euros com dinheiros públicos, encontrando-se actualmente o hospital sem dívidas e quase totalmente renovado - o que o torna um negócio apetecível a qualquer grupo privado de saúde. Referiu também que a administração é obrigada a recorrer à prestação de serviços uma vez que a instituição não se encontra no sector empresarial do Estado, o que implica a existência de 60 trabalhadores precários em regime de trabalho temporário. Para o CA, o hospital deve manter-se público sendo a única forma de continuar a prestar um serviço de excelência a toda a população.
Os trabalhadores, que desde o primeiro momento procuraram obter respostas sobre o futuro da instituição, expressaram a sua preocupação face à indefinição a que estão votados. Manifestaram que a passagem para o sector privado acarretará mudanças que afectarão gravemente a prestação de serviços de saúde deste hospital.
Jorge Machado, recordando as importantes acções da população e dos trabalhadores em defesa do hospital no último mês, reafirmou a posição inequívoca do PCP: para este partido é indispensável que este hospital se mantenha na esfera da gestão pública, pois só um Serviço Nacional de Saúde verdadeiramente público, universal e gratuito, pode garantir o acesso de todos aos cuidados de saúde. Relativamente à “parceira de gestão” proposta pela Conselho Executivo da CIRA, o PCP lembra que a realidade tem demonstrado que, na constituição dos Centros Hospitalares, as unidades mais pequenas são sistematicamente espoliadas dos seus serviços, seja directamente pelo seu encerramento, seja por via da redução de verbas ou recursos humanos, sob a capa da “lógica da complementaridade”.
Da parte do PCP, reiterou-se a total disponibilidade dos comunistas para a luta pela defesa intransigente do hospital de Ovar quer institucionalmente, através de uma Pergunta Parlamentar que já se comprometeu fazer ao Ministério da Saúde, quer nas acções de massas que mobilizem os utentes e os trabalhadores, que consubstanciam a única forma de real defesa de um hospital público que serve as populações de Ovar e da Murtosa, e até de Estarreja.
[Actualização] Pode consultar aqui a pergunta entregue pelo deputado Jorge Machado, onde questiona e confronta o Governo sobre o processo de privatização em curso.