Teve lugar no passado dia 27 de Março no Orfeão de Ovar um concorrido debate sobre a nacionalização da banca em Portugal.
Os oradores presentes - Carlos Carvalhas, conhecido economista dirigente do PCP, e Miguel Viegas, deputado do PCP no Parlamento Europeu - iniciaram a sessão aludindo ao facto de se comemorar neste mês de Março os 40 anos da nacionalização da Banca em Portugal.
Daí a discussão passou pela sucessão de problemas ocorridos na economia nacional desde que se privatizou praticamente todos os bancos em Portugal e, em particular, no contexto da crise internacional do capitalismo.
Carlos Carvalhas sublinhou, entre outros, que o facto de a banca estar em mãos privadas, fazia com que uma parte importantíssima das alavancas económicas do país estivesse dependente dos donos da Banca e não da estratégia de desenvolvimento que o país quisesse adoptar. Evidenciou ainda como a crise foi um processo de concentração da riqueza - para a qual contribuíram grandemente as medidas de "austeridade" que PS, PSD e CDS foram tomando ao longo da última década - e como a questão do endividamento do país era hoje central na política económica e, por isso, indissociável da questão da propriedade da Banca.
Miguel Viegas, por seu turno, evidenciou como os instrumentos e linhas doutrinárias da União Europeia, em particular do Banco Central Europeu, representavam um autêntico colete-de-forças ao desenvolvimento nacional, levando a que o nosso país se visse com crescentes dificuldades para desenvolver a economia e, em particular, ter uma política de salários convergente com os restantes membros da UE ou de aposta no aparelho produtivo. O deputado do PCP chamou a atenção para a necessidade de se encarar a proposta do Partido de nacionalização da Banca no âmbito mais vasto da indispensável renegociação da dívida pública e da preparação para a saída do País do Euro (por vontade própria ou por imposição), e essas três medidas também elas enquadradas no leque mais vasto de propostas para o País que compunham a proposta de alternativa do PCP, a realização de uma política patriótica e de esquerda.
Seguiu-se então um período de animado debate com perguntas, respostas e comentários entre audiência e intervenientes, de onde foi possível reter que a nacionalização da Banca não apenas é necessária como, ela é hoje possível e está dependente apenas da existência de um Governo que tenha a coragem política para a concretizar uma vez que, mesmo no quadro dos constrangimentos da União Europeia, os instrumentos legais e económicos para tal estão ao dispor dos países que o entendam fazer e, assim, romper com estas políticas de empobrecimento e exploração que conduzem o País ao declínio em que hoje se encontra.