foto

Muito se tem falado o longo da última década sobre o avanço do mar. Após sucessivos governos, acompanhados das habituais promessas, tudo permanece na mesma, excepção feita à linha da costa que recua ano após ano, colocando em risco populações ou aniquilando hectares de pinhal como é o caso da freguesia de Maceda. As causas são conhecidas e todas exibem o selo da acção do homem. Indiferentes ao equilíbrio da natureza e particularmente ao ciclo de reposição natural de sedimentos na linha de costa, foram nascendo ao longo de todo o litoral todo o tipo de edificações, com chorudos lucros para o imobiliário que contou quase sempre com a cumplicidade dos respectivos municípios. Ao mesmo tempo, as areias até então drenadas pelos rios até à foz, foram sendo extraídas na fonte em quantidades industriais, agravando ainda mais o défice de sedimentos da nossa costa. Começaram então a nascer os esporões, uns após outros, de norte para sul, numa solução de recurso que preservava a praia a montante mas agravando a situação a jusante.

 

A Praia do Furadouro representa um exemplo paradigmático de má ocupação dos solos. Fruto de uma gestão urbanística caótica e profundamente lesiva dos interesses das populações, a Câmara Municipal de Ovar, sempre gerida ora pelo PS, ora pelo PSD, foi autorizando sucessivas construções ao longo da linha de costa ao arrepio de todas as normas de boa gestão do litoral. Como consequência visível de décadas de mau planeamento, a Praia de Furadouro encontra-se hoje numa situação de enorme fragilidade. A carência de areias é por demais evidente, com o mar a aproximar-se cada vez mais das habitações. O cordão dunar, que deveria representar a linha avançada de defesa da costa, ou está muito fragilizado ou pura e simplesmente desapareceu. A situação a sul da Praia do Furadouro mereceu uma visita recente de eleitos e activistas da CDU. A duna primária que chegou em tipos idos a atingir cerca de dez a quinze metros de altura, está hoje completamente aniquilada, colocando à mercê das investidas do mar todo o conjunto habitacional construído em terrenos com quotas muito baixas. Para além das razões de fundo referidas anteriormente, importa igualmente denunciar a total ausência de medidas de defesa e preservação daquelas dunas. Como é visível na foto, tem-se assistido a tudo, desde motas, jipes e pessoas a circular de forma completamente anárquica em todo aquele espaço.

 

foto

 

A Comissão Coordenadora de Ovar da CDU, pela voz dos seus eleitos, tudo fará para exigir medidas urgentes que invertam o actual estado de coisas evitando assim uma possível tragédia. Neste sentido, a CDU reclama desde já o reforço do esporão da Praia do Furadouro (em grande parte destruído) assim como de todas as outras barreiras de protecção em Esmoriz e Cortegaça. Refira-se que estas intervenções foram já anunciadas pelo governo, como pode ser lido na resposta ao requerimento interposto pelo Grupo Parlamentar do PCP na Assembleia da República (ver notícia). Todavia, não deixando de considerar estas medidas como necessárias para salvaguardar vidas e bens no curto prazo, a Comissão Coordenadora de Ovar da CDU exige igualmente que sejam tomadas medidas de fundo com vista à resolução de uma questão complexa e ampla que diz respeito a toda a costa portuguesa. No quadro destas medidas encontra-se a necessidade de repor areias em locais onde esta desapareceu, promovendo assim a reconstrução e consolidação do cordão dunar e ao mesmo tempo condicionar fortemente a circulação de pessoas nestes locais. Tal deverá ser o caso da duna primária a sul do Furadouro que a CDU considera da maior urgência.