Incerteza perdura na Investvar

O Grupo Investvar continua envolto num ambiente de grande incerteza. Depois da restruturação do capital da empresa com a entrada do Fundo de Recuperação de Empresa e da transformação de parte da dívida em capital, e após a entrada em funções de uma nova administração, continuam a circular informações contraditórias relativamente ao futuro da empresa e dos postos de trabalho. Registe-se a este propósito as declarações públicas, quer do administrador da empresa, Jorge Pereira, quer do Secretários de Estado Adjunto da Indústria e do Desenvolvimento, Fernando Medina, garantindo a prioridade na preservação dos postos de trabalho das empresas sediadas em Portugal (cerca de 600).

 

Infelizmente e perante a total inoperância do governo, o futuro dos trabalhadores desta importante empresa continua a servir de arma de arremesso para estratégias obscuras, que nada têm a ver com os reais interesses de todos e muito menos com a necessidade de defender os postos de trabalho. A alienação da DCB pela Move-on, a preço simbólico, terá sido inviabilizada pelo BES. Com este pretexto, voltaram as ameaças e a chantagem. Não há garantia do pagamento dos salários de Abril. Ameaça-se novamente com a suspensão da laboração da Investshoes, com o recurso a novo lay-off. Dá-se como certo o encerramento das fábricas de Castelo de Paiva, a Ilpe Ibérica e a Glovar. Entretanto, desactivam-se sectores inteiros da fábrica (lotes 2 e 3). A fábrica em Portugal está a trabalhar a meio gás, ao contrário da fábrica da Índia (Calsea Footwea), que está a laborar em pleno, deixando clara uma eventual estratégia de deslocalização de toda a produção para a Índia com uma descapitalização completa das empresas sediadas em Portugal, com posterior despedimento sem garantia dos direitos de todos os seus trabalhadores, que entretanto deixaram “temporariamente” de ter vínculo com a sua empresa, a DCB, que foi considerada insolvente. Aliás, todo este cenário parece decalcado de situações anteriores em tudo semelhantes.

Perante este quadro nada é dito aos trabalhadores. O governo que continua como um dos principais accionistas nada diz relativamente a todos estes acontecimentos e não se compromete relativamente ao futuro da empresa.

O PCP que irá ainda esta semana interpelar o governo sobre esta situação, estará amanhã à porta da empresa em contacto com os seus trabalhadores, transmitindo o apoio e a solidariedade do PCP através de um comunicado onde se apela à união de todos os trabalhadores exigindo informações claras de todo este embróglio e refutando ser mais uma vez objecto de chantagem num jogo de interesses que nada tem a ver com a defesa dos postos de trabalho.