O Museu de Ovar é fundamentalmente (mas não só) um museu etnográfico e integra-se no contexto cultural de preservação da memória de tradições, formas de viver, formas de arte e cultura popular, peças várias, algumas de grande valor, relacionadas com actividades económicas que fizeram o quotidiano da população da região de Ovar. Existe formalmente desde 1963, mas a recolha do seu vasto espólio fez-se desde muito antes e continua até hoje
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É um pilar fundamental da Rede Museológica de Ovar e cumpre, na prática, uma importante função no serviço público da preservação da memória colectiva.
Actualmente todo o trabalho de conservação e catalogação é feito duma forma séria, organizada e abnegada por duas funcionárias, o que permite que o museu mantenha a qualidade que tem. Do seu espólio destacam-se, entre outros, uma formidável colecção de trajes de Norte a Sul do país e trajes do mundo, bem como a famosa «Tabaqueira», peça angolana em arte quioca, um exemplar dos poucos que existem no mundo.
É este prestígio que tem permitido ao Museu expor em lugares tão distantes como Goa (Índia), Japão, Estados Unidos da América, França ou Espanha. No entanto, por questões de espaço, apenas uma pequeníssima parte do seu espólio se encontra exposto.
Para de algum modo colmatar o reduzido espaço, diversificar a oferta cultural e abrir ainda mais o espaço à sociedade, o Museu iniciou uma intervenção no rés-do-chão, onde pretende fazer um pequeno auditório, o que requer algum investimento não apenas nas obras estruturais mas também nos acabamentos, meios audiovisuais, etc. Abalançou-se também ao restauro dos azulejos da fachada das traseiras.
É por isto que o Museu de Ovar precisa de apoio financeiro pois luta com grandes dificuldades, inclusivamente para pagar os magros (mas possíveis) salários às funcionárias que têm mantido o Museu vivo. No entanto, as transferências feitas pela Câmara parecem não ter tido em conta esta realidade extraordinária.
O PCP valoriza os protocolos e parcerias de qualidade no âmbito cultural, como é o caso da realizada com a Fundação de Serralves, e nem por momentos coloca em causa o valor acrescentado que tal parceria traz à população de Ovar no que à divulgação da cultura diz respeito. Mas é absolutamente imperativo não esquecer o que se tem cá dentro – o nosso património e memória coletivas - mantidos há anos, desinteressadamente e com muito custo pelos nos nossos.
Neste sentido, o PCP, através da sua eleita Manuela Mourão, apresentou um requerimento na Assembleia Municipal onde exorta a Câmara a rever o valor do protocolo no que respeita ao investimento, uma vez que 1200€ para uma obra desta envergadura é manifestamente insuficiente.