CDU reúne com novo Conselho de Administração do Hospital de Ovar

A CDU reuniu na passada sexta-feira com o recentemente empossado Conselho de Administração (CA) do Hospital de Ovar, representado pelo Dr. José Luís Gonçalves Vaz, pela Dra. Júlia Oliveira e pela Enfermeira Lúcia Monteiro.

Na reunião houve diversos pontos de convergência. Desde já o modelo de gestão adoptado pelo CA, de gestão consensualizada com os trabalhadores, tendo com eles reunido, ao longo das últimas semanas, procurando compreender a situação e problemas do hospital e encontrar soluções.

Pretende, assim, adoptar uma gestão transparente quer para o exterior - sociedade - quer para o interior - para os profissionais de saúde daquela casa. Ficou claro que os objectivos passam pela prestação de um serviço público e universal de excelência, tendo como pilares os conceitos de proximidade e identidade, marcas que se querem distintivas do Hospital da nossa cidade: "A população de Ovar precisa de ver este hospital como o seu Hospital".

O Hospital de Ovar conta actualmente, com serviços nas áreas de Anestesiologia, Cardiologia, Cirurgia Geral, CTAO (Hipocoagulados), Diabetologia, Dietética, Fisiatria, Medicina Interna, Pediatria, Oftalmologia,  Ortopedia, Otorrinolaringologia, Psicologia Clínica, Urologia, Podologia e Dermatologia. Persistem, no entanto, alguns problemas, como a existência de cerca de 30% dos trabalhadores em regime de trabalho temporário, que decorre do facto da instituição não se encontrar no sector empresarial do Estado. Por outro lado, perspectiva-se no futuro um aumento da oferta do serviço de ambulatório (como sejam equipas de cuidados paliativos na comunidade e consultas externas de psiquiatria, neurologia e pneumologia). Relativamente à manutenção das actuais consultas externas, o CA foi claro: a sua manutenção é inquestionável.

Após uma saudação à nova administração pela tomada de posse e pelos moldes em que se propõe administrar esta valência, houve espaço para debater os recentes acontecimentos referentes à tentativa de privatização às misericórdias. Sobre a questão, colocada pela CDU, sobre em que moldes estaria prevista a gestão do Hospital de Ovar no futuro, o CA referiu não ser sua competência definir o modelo de gestão futuro, dado que existem entidades tutelares mandatadas pelo Governo a quem compete essa decisão.


A posição da CDU

Desta reunião, a CDU deduz que a actual administração tudo fará para manter o Hospital com um serviço público, universal e de qualidade.

No entanto não pode deixar de notar que a decisão sobre o futuro do Hospital é da competência dos organismos governativos, que - esses sim - preferem manter a população na indefinição. Não é por acaso que o Ministério da Saúde não deu ainda resposta à Pergunta Parlamentar colocada em Maio pelo deputado do PCP, Jorge Machado, na qual se questionava claramente sobre que planos teria o Governo para o hospital. Tendo isto em conta, e num contexto em que a actuação do Ministério da Saúde se tem pautado por constantes encerramentos de valências - que apenas servem interesses dos grupos privados de saúde - a CDU não é ingénua: não é actualmente possível garantir que no futuro o Hospital de Ovar não sofra nova tentativa de privatização ou desmantelamento.

É neste contexto que a CDU apela à população para que se mantenha atenta e preparada para defender prontamente o seu hospital. A vida e a experiência têm mostrado que são a resistência e capacidade de mobilização das populações que têm conseguido impedir cada encerramento, cada desmantelamento, cada machadada no Serviço Nacional de Saúde.

Na reunião CDU pôde reafirmar a sua posição de defender um Serviço Nacional de Saúde como serviço público, geral, universal e gratuito, com garantia de acesso em qualidade aos cuidados de saúde. Rejeita, de igual modo, as políticas desenvolvidas pelos sucessivos governos PS/PSD e CDS de ofensiva contra o SNS que se sustentam no falso argumento de que uma melhor racionalização dos meios apenas seria possível com uma gestão privada. Na verdade todas as privatizações vieram acompanhadas de relevantes subidas de custos (seja para os utentes, seja para o Estado); de degradação dos serviços; de diminuição da sua oferta; de precarização e aumento dos níveis de exploração dos trabalhadores.

Também as privatizações (quer as do PS, quer as do PSD) vieram acompanhadas pelo argumento falacioso de que "o serviço público seria mantido". É importante realçar que para a CDU um serviço público não é apenas aquele que "está aberto ao público" (uma vez que qualquer hospital privado também estará aberto ao público...) mas sim aquele que tem uma gestão efectivamente pública, integrada no Serviço Nacional de Saúde.

A CDU saúda o aumento da oferta de serviços que o Hospital possa vir a dar, mas realça que a proximidade dos serviços actualmente existentes no Hospital é um valor por si só, pelo que se oporia a qualquer redução na oferta destes sob o argumento de que estes já existiriam, por exemplo, noutro hospital do distrito. Apenas a título de exemplo, para um habitante do concelho é substancialmente mais difícil, mais caro e mais incómodo ter de se deslocar dezenas de quilómetros à capital de distrito para visitar um familiar doente internado num serviço de medicina interna, do que ter de deslocar à sede de município para o mesmo efeito. Neste sentido, a CDU não vê como redundantes os serviços actualmente prestados pelo Hospital de Ovar.

A CDU manifesta confiança na gestão que se inicia com o actual CA, bem como na motivação dos trabalhadores para defender um hospital público e de qualidade. Mantém, no entanto, reservas quanto às intenções do Ministério da tutela no que ao futuro do Hospital de Ovar diz respeito, tendo em conta os acontecimentos recentes quer no concelho, quer no país.